Quando ousei dizer o que gritava em silêncio
O medo e o tempo e tantos outros agentes da paralisia
Pressionavam para que eu não parisse
Esse horrendo feto deformado e insuspeito
Noites e dias de insônia e pânico
O horror da inércia rastejante vestida de costume
Meu tenebroso fantasma a rondar
E as circunstâncias a sussurrar: Para todo o sempre!
Os santos se calaram de indignada estupefação
Os demônios se calaram por tédio sem fim
Os homens comuns nem deram confiança
E o resto do universo se moveu quase imperceptivelmente
Pois que os santos sejam empalados violentamente
E os demônios fujam aos berros em línguas de fogo
E os homens e o universo se fodam
Junto com fantasmas e fetos deformados e toda essa nojeira
Pois meu grito será impossível de ser esquecido
E machucará os ouvidos de muitos
E trará sobre mim a fúria dos conformistas
E será angustiante e longo e muito alto
Porquanto não mais sofrerei calado em minha solidão superlotada
Pois a verdade é uma coisa estranha
Muitos dizem que a desejam, mas na verdade a temem
E se você a alcançou, não tente aprisioná-la
Pois será como um gato enfurecido encurralado dentro do peito
Quando ousei dizer o que gritava em silêncio
A paralisia se foi com o medo e o tempo voltou a passar
E a feia e deformada verdade se dissolveu em remédio para a alma
E toda a dor desse momento redundou em paz depois do choque
Não há mais santos, demônios, homens ou o universo
Apenas a minha realidade, sem julgamentos, angústia ou gritos abafados
Pois omissões e segredos não sobrevivem na luz
E não mais alimentarão os monstros que um dia ali habitaram
Pois ao abrir da boca os sussurros doentios se calaram para sempre
Daniel, meu querido amigo, cujo silêncio sempre dialogou com o meu, tua volta é assim, em texto feito temporal, traz junto a paz do céu infinito de habita nosso dentro. Águas libertadoras! Venham sempre, em silêncio ou não. Grande e carinhoso abraço.
Cara, outro dia mesmo, eu disse ao Geraldo Cunha que estavas sumido… A muito eu não lia uma publicação sua… Mais um forte e belo poema…
Verdade, Estevam, foi uma fase bem importante pra mim, mas muito benéfica. Obrigado meu querido, quero ter tempo para me atualizar nas coisas incríveis que você publica também. Grande abraço!
É sempre um prazer ler o que escreves e tê-lo como leitor. Abraço.
Senti sua falta. Belo e corajoso parto barulhento. Bendito retorno. Obrigada!
Ô minha querida, obrigado por me receber tão calorosamente. Senti falta também. Um abração, eu que agradeço.
Era tudo que eu precisava ler hoje, em voz alta, como grito libertador. Em meio a tantas verdades que precisam ser gritadas para transformarem-se em cura, uma simples: Seus textos estavam fazendo falta. Chegam atropelando sem piedade destes pobres leitores. Seu silêncio foi um grito escutado por todos que te acompanham aqui. Abraço forte !
Nossa, Geraldo, MUITO obrigado por dizer isso. Passei meses sem escrever por estar passando por uma fase muito dura em processos bem internos. Não conseguia nem ler o que os outros escreviam. Daí achei esse texto que escrevi há três anos, exceto as duas últimas estrofes e a frase final. Pensei: “Que loucura, é exatamente o que passei agora!”, então acrescentei o final que foi o que aprendi dessa vez. Estou mais forte, mais inteiro, mais feliz, e feliz agora por saber que foi importante pra você! Um grande abraço, meu querido, espero que as letrinhas fluam mais a partir de agora, hehehe.
Silêncio grita tudooo que precisamos… gostei, obrigada. Bom domingo 🙏🏻☀️Abraços
Obrigado a você, Bia! Abraços!